Fonte: Matheus Mans – Esquina da Cultura

O filme De Volta para Casa é daquelas produções que sabemos bem o que vamos encontrar pela frente. Dirigido e roteirizado por Wayne Wang, o mesmo nome por trás de Cortina de Fumaça e Encontro de Amor, o longa-metragem conta a história de um rapaz coreano-americano faz o banquete de Ano Novo para sua mãe, morrendo de um câncer terminal no quarto ao lado.

A partir daí, acompanhamos as memórias desse rapaz sobre a infância, a vida na América e, sobretudo, da relação com a mãe — nem sempre fácil. Também testemunhamos conversas sinceras entre os dois, apressados para resolver problemas e sanar dúvidas enquanto o fim se aproxima. É um filme de luto, ainda que a morte apenas ronde e não tenha agido de fato.

Ainda que exageradamente lento em alguns momentos e com um sério problema de simplificar questões culturais potentes (ao contrário do que acontece em Minari, por exemplo), há beleza nessa história sobre família, perdão, memória e reencontros. As cenas do filho cozinhando para a mãe uma receita que ela lhe ensinou, típico banquete coreano, são lindamente fotografadas.

O grande inconveniente do filme acaba sendo a condução quase glacial de Wayne Wang, que trata a história quase como um aposto de um dramalhão. É um filme distante, sem emoção, que deixa para o espectador lidar com a frieza do que está sendo apresentado em tela. Por um lado, há a força natural das situações. De outro, fica a fragilidade na costura daquelas reações.

Numa das últimas cenas, um jantar em família, o roteiro parece empregar toda a força que não teve ao longo do filme para impactar, chocar, emocionar. Mas ali já é tarde demais, infelizmente. A frieza do filme distancia o espectador do objetivo de qualquer drama e nos vemos apenas como intrusos nessa história. Falta potência, humanidade, paixão na direção de Wayne Wang.

De Volta para Casa está longe, bem longe de ser um filme ruim. É apenas regular, se equilibrando em decisões estéticas e narrativas questionáveis. Há um choque no final, a tristeza numa cena de conversa com um antigo amigo, mas nada realmente coeso sobre tudo que está sendo contado. Talvez públicos em busca de mais frieza e distanciamento possam gostar.

Publicações recentes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

62  +    =  65