Fonte: Matheus Mans – Esquina da Cultura

Aharon sempre esteve ao lado de seu filho, Uri. Unidos, o pai é o porto-seguro do rapaz, que vive dentro do espectro autista. No entanto, logo que Lá Vamos Nós começa, a dupla de pai e filho estão em um momento-chave. O motivo? O rapaz cresceu. E, com isso, passa a surgir a necessidade de levá-lo para uma casa especializada em tratar da rotina de jovens autistas.

No entanto, no caminho de Uri até essa casa não acontece como o esperado. Ele não quer deixar a rotina de sua casa para trás, tampouco o seu pai — e menos ainda dois peixinhos que tanta ama. O pai, também sem preparo de deixar o filho em um lugar que não seja sua casa, também desiste da missão. E assim, Uri e Aharon passam a viajar sem rumo, esperando uma solução.

Dirigido por Nir Bergman (de Asas Quebradas) e estreia dos cinemas desta quinta-feira, 4, Lá Vamos Nós é um delicado road movie que explora a psicologia e o comportamento desses personagens tão marcantes. Ainda que tudo transcorra ao redor de Uri (Noam Imber), porém, o protagonista é Aharon (Shai Avivi). Apesar de tudo, é ele que não se preparou para a separação.

A partir disso, temos momentos interessantes nessa viagem da dupla, apenas fugindo das responsabilidades. Há momentos realmente sensíveis comandados por Nir Bergman, como a cena em que Uri foge do pai para cantar e dançar Gloria ao redor de um grupo de pessoas — é uma cena que, no mínimo, emociona. O desenvolvimento das relações também impressiona.

Shai Avivi (Shivá) está bem como esse pai precisando compreender essa movimentação, mas Noam Imber (Full Speed) é quem rouba a cena em termos de atuação. Ele está espetacular como esse rapaz no espectro autista em momento de mudança e que nada tem a ver com o que vimos em Music, talvez um dos filmes mais desrespeitosos sobre pessoas dentro do espectro.

No entanto, há de se destacar que há momentos narrativos parados demais, lentos demais e que faz o roteiro entrar em espiral. Parece que a história do longa-metragem não avança. Isso faz a produção perder pontos preciosos, já que dificulta para o público continuar a prestar atenção. Uma pena. Ainda assim, fica registrado que Lá Vamos Nós é sensível e delicado. E já está ótimo.

Publicações recentes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  +  71  =  72